Porque assistir Game of Thrones?

Devo dizer que primeira vez que eu assisti Game Of Thrones, a série não me impressionou tanto. Não sei se isto já aconteceu a vocês, mas vá lá. A sensação que eu tinha era de um Ctrl+C/Ctrl+V de O Senhor dos Anéis com mais cérebro, mas ainda assim não me impressionou muito.

Na época, foi indicação de um colega meu. A série não era tão famosa, nem tão divulgada, mas o que me impressionou, primeiramente, foi a qualidade e o cuidado com que os diretores criaram o mundo de Westeros.

Mais ainda na verdade, eu assisti o primeiro episódio em três dias, por que não tinha paciência. No entanto, de algum modo, eu sabia que havia alguma coisa extraordinária na série e não ia deixar de assistir até descobrir o que era.

Sem perceber, a série grudou como praga egípcia. No fim das contas assisti a primeira temporada em dois dias.

Mas isto não era bem o que eu queria dizer, o que eu queria dizer é o seguinte: Quando eu disse que a série não me atraia, foi por que, erroneamente, acreditei que a série não iria acrescentar nada de bom na minha vida. No qual estava redondamente enganado.

Com o Game of Thrones aprendi muita coisa, e reafirmei muitas também. Posso dizer que aprendi a observar o comportamento humano de um ponto de vista menos maniqueísta, por exemplo, os personagens do George R. R. Martin não são completamente bons, nem ruins por “natureza”(se é que existe uma natureza humana) eles são falhos e humanos, ponto parágrafo.

Reafirmei uma visão política de intrigas onde só havia visto antes com grandiosidade no cinema com o poderoso chefão. A trama quase inteira se baseia no Príncipe de Maquiavel, as intrigas pelo poder, o jogo de interesses, as uniões forçadas a partir de casamentos, a herança do trono por direito e o trono conquistado por um estrangeiro, a manutenção do poder por pequenas colônias, a exaltação de família poderosas tendo em vista o controle social. Enfim, o Principe cara!

Tem a questão republicana encarnado na personagem Daenerys Targaryen, que por si só, já poderia dar em um épico: uma única sobrevivente de uma família desgraçada, conquista um exército e três dragões, tudo isto em um pano de fundo onde diversas estórias se cruzam extremamente bem amarradas.

Isto sem contar o modo que o tio Martin trata a magia e a fantasia na série, é até plausível de se crer que exista mesmo dragões em algum lugar, seres desconhecidos e mortais, feiticeiras e deuses sombrios.

E na verdade, nós queremos acreditar, bem dizia uma outra série famosinha por aí.

Game of Thrones não é maçante e mesmo com muita gente reclamando de personagens “principais” morrendo, eu ouso dizer que o tio Martin, queria mostrar a vida real em Westeros, você acha mesmo que um personagem não seria passível de morte por ser honrado e justo? Pense em outro Martin, o Luther King, por exemplo.

Depois da muralha existe uma área infinita não mapeada em Westeros, e gosto de pensar que esta área é onde estavam os homens antes de nós. Os Vikings, os romanos etc…

No primeiro episódio, logo na primeira cena, o que vemos é o portão da muralha se abrindo, vemos de fora da muralha para dentro. Este portão é a cortina que se ergue e apresenta a grandiosidade de um mundo novo e esplendoroso.

Gosto de pensar que nós, cruzamos o deserto de gelo, nós somos os outros e pelo muro de ferro entramos em Westeros. Sentamos no trono com seus reis, lutamos suas guerras com seus soldados e dormimos com seus moradores.

Por causa disto, talvez, eu goste tanto de Game of Thrones.